eu sempre fui uma pessoa ausente, e não é por mal, faz parte de quem eu sou. não gosto de ser ausente na vida das pessoas que amo, mas às vezes, sinto uma necessidade quase inexplicável de sumir, de não existir pra ninguém. claro, eu sei que só deixaria de existir se morresse, mas o que quero é algo diferente: desaparecer para os outros, não para mim mesma. por isso, gosto de “sumir”. quando percebo, já fazem dias que não respondo mensagens, não aceitei convites para sair e me isolei.
agora, por exemplo, tô de férias. algumas amigas da escola têm me chamado pra sair, mas eu só quero aproveitar esse tempo na minha casa, sozinha. porque, quando as aulas voltarem, já vou vê-las quase todos os dias mesmo. às vezes, eu gosto – talvez até demais – de ser e de ficar sozinha.
nem sempre percebo o quanto posso ser distante, mas continuo amando as pessoas. só não acho que, pra amar alguém, eu precise falar todos os dias, do bom dia ao boa noite (talvez seja por isso que não quero namorar). também não acho que preciso ver alguém o tempo inteiro pra sentir amor. mesmo sendo uma pessoa ausente, se alguém que eu amo precisar de mim, eu vou estar lá e fazer tudo o que puder para ajudar.
mas ser ausente não é fácil. poucas pessoas entendem que isso não é algo pessoal, que eu só gosto de viver no meu próprio mundinho. já tive amigos que me chamavam para sair e eu aceitava uma vez no mês (pelo menos aceitava né🙈), eles pararam de chamar. se afastaram. perdi muitas amizades por causa disso.
quando percebo que estou me distanciando de alguém, sinto uma culpa enorme, principalmente se vejo que a pessoa ficou mal com a minha ausência. me coloco no lugar dela e entendo que pode ser difícil lidar com alguém ausente não sendo ausente. por outro lado, tenho amigas que também são ausentes, e a gente se entende.
eu gosto de ser ausente e distante porque amo minha própria companhia. acho que sou a pessoa que mais me entende no mundo, talvez até a única, porque me entender não é nada fácil. mas, mesmo amando esse espaço que crio para mim, às vezes eu queria ser mais presente na vida das pessoas que amo. acho que esse é um dos meus objetivos pra esse ano: aprender a equilibrar minha natureza ausente com o desejo de estar mais próxima de quem importa pra mim.
Muito bom começar meu domingo com essa leitura! Seu texto me atinge num momento que me vejo pensando sobre minhas dinâmicas nas relações sociais como um todo. Também sinto essa necessidade de ficar a sós por algum tempo, de ficar em casa, de não ter (quase nenhum) compromissos sociais. Tudo isso não significa não gostar das pessoas ao meu redor, mas nem todos entendem e, olhando friamente, eles não tem essa obrigação. O fato é que esse modo de viver tem um preço a pagar, o número de amigos pode não ser tão grande quanto ao que nos acostumamos a ver por aí, pelo menos no meu caso, e nem sempre tenho tantos assuntos ou energia para interagir com mais pessoas além do meu convívio mais próximo. Cheguei aos 30 funcionando dessa maneira, mas nem sempre foi assim, já tive fases de muito mais vida social, então reconheço que são ciclos. Entender essas dinâmicas pessoais me ajudaram a enxergar o que já ouvi chamarem de Solitude, algo como estar só por escolha, curtindo em paz a própria companhia. É assim que sinto hoje. É um modo de viver em paz que nem todos entendem, mas que é fundamental pra mim. Amei o texto! Obrigado por compartilhar! 💖
quando eu tinha 17/8 anos, me sentia muito assim! e é muito sufocante porque passa a sensação de que ninguém entende o que a gente sente. estar sozinha é tão confortável, por que vou sair do meu casulo quentinho?
com o passar do tempo, conforme fui vivendo outras coisas, comecei a ver que eu poderia sim achar um equilíbrio, e tem sido uma jornada muito interessante.
se mudar e ficar mais flexível for o que você realmente quer, espero que consiga!! e aproveita a jornada de autoconhecimento desse processo, porque é a parte mais divertida!!
fiquei muito feliz lendo seu texto, a minha eu do passado se sentiu compreendida ❤️🩹